sábado, 30 de junho de 2018

Semestre Minguante


No meu quarto-de-dormir
Há uma janela sempre aberta
Para o Leste de Todas as Coisas
De onde vejo o Sol nas manhãs

Mas agora é noite no meu Leste
E a luz que atravessa a fresta
É a que vem de uma lua cheia
Que encheu-se de estar comigo

E agora míngua devagar,
Escalando lentamente o céu
Para longe de minhas vistas
Para iluminar outras frestas

Meu coração, sem festa
Minha poesia, sem rima
Não consegue desapegar
Da lua e do Leste da janela...



quinta-feira, 28 de junho de 2018

Was it just a Mirage?

I sit outside and have a last cigarette 
by The Mirage.
My soul seems to vanish with the smoke.
I follow its path through the nothingness 
of the night sky.
Behind me the sun still shines towards East - 
is it just a mirage?
In the emptiness of my existence, 
I see a star for the first time in Bradford sky.
The window by The Mirage now 
is as empty as me...

I am nothing.
But behind those windows lies a star...
Shining shyly as who holds, silently,
All the secrets of my deepest 
happiness and sorrows,
and implodes in the black hole
of my sad goodbye.


segunda-feira, 25 de junho de 2018

Nuvens de Sangue

O céu, num silêncio brutal,
hoje sangra.
Ou talvez sejam meus olhos,
consternados,
ante nova mudança.

Oh! Sol que arde
e põe os meus olhos em brasa,
seja o refúgio de minha aflita partida
e as boas-vindas 
de calorosa chegada.

Pois quem consente,
cala...
E é a tua indiferença 
que mais alto fala
a quem não tem esperança.

quarta-feira, 20 de junho de 2018

Contrapartida nos Olhos


Claro que estou bem!
Nestes dias iluminados
Os mais iluminados do ano,
que inspiram a ausência
absoluta da saudade.
Saudade nenhuma hoje:
Primeiro dia do verão,
aqui dentro de mim,
onde acaba a primavera
Sem nunca acabar.
Invencível.
Estupidamente invencível!
Fora de mim é outono.
Outono moribundo, condenado!
Do lado de fora
o inverno bate na porta!
Justo hoje,
dia em que começa o verão,
faz frio no meu Hemisfério.
E as flores primaveris
que imaginava estarem vivas
Sucumbem à geada dos dias
Estão morrendo fétidas.
Preciso de ar!
Preciso abrir a porta,
Não obstante ao inverno
Que bate cada vez mais alto!
Preciso salvar minhas flores,
E, talvez, no deleite dos olhos
[Melhor contrapartida
da nova estação de gelo]
lembrar que estes são
os dias mais obscuros do ano.
Que, não obstante a dor na pele
E a luz limitada dos dias
Há o mais nítido azul acima de nós.
Minhas flores irão ressurgir!
Pois a estação que chega
está gestando a primavera
e devolvendo aos poucos
os minutos tomados pelo
finado outono...
[E como sinto saudades!]
É a vitória do Sol,

É "Sol Invictus"!

“Todos sabem que hoje começa o verão
Ninguém sabe em qual hemisfério
Na mão, a chave que abre o salão
Só falta encontrar a porta
Simples assim, simples assim”
(Humberto Gessinger)


quinta-feira, 14 de junho de 2018

Bradford Sky

Oh! Angry sky,
who is messing with the foliage:
the trees are dancing, crazily,
to your winds, by The Mirage.

Oh! How impatient
is the waiting on your clouds!
They open an empty space
through which the sun comes out:

With the power of its light
my eyes go nearly blind
so I close them to see it -

Like on the dreams awake
I'll have when remembering
my days in Bradford city...


terça-feira, 12 de junho de 2018

PÓLVORA*

Ouço um estampido.
Mais um corpo no chão.
Longe das telas
dos grandes cinemas,
a morte é crua,
rápida e seca.

Em vez de poesia,
pólvora à mão.
Neste poema
não há reticências.
E a insanidade
corteja a razão.

* Em memória de quatro amigos suicidas - 2018.

sexta-feira, 1 de junho de 2018

Banco Abandonado

Entrelaça-te a folhagem
com o calor de um abraço 
à condição de abandono...

Envolvem-te com flores
os galhos na estiagem - 
quiçá, até o Outono.

No pólen derramado,
tens o beijo das abelhas
que distraem o teu sono...

Os espinhos livram-te o peso! 
E há beleza latente
na tua solidão...

Não te pisam, não te sentam,
banco esquecido,
na relva junto ao chão.


Por-do-Sol na Sunbridge Road

Às cinco da tarde  de um dia amarelo, a liberdade míngua à sete chaves no claustro de um apartamento - mas a lua da tarde, dona de ...