É bom falar poeticamente de saudade
Pois só poetiza saudade quem a tem
Só tem saudade quem amou de verdade
E saudades poéticas doem, quando vem
Só sente dor quem tem no peito vida
E vive bem quem tragicamente a sente
Sentindo a dor se alegra com a ferida
Ferida é a marca de uma vida urgente
E é tão urgente afirmar aqui que amo
E nesse amor há dor prazer e medo
Mas não existe ao coração engano
Sente o que sente e bate sem segredo
E na saudade a construção de um plano
De ver de novo o que sinto é não vejo.
Saudade Estrangeira
ResponderExcluirEssa palavra aqui tão nossa,
que estrangeiro algum entende,
é rima doce que ora arde,
é verso à fio, impaciente.
É nuvem cheia que não parte,
e esconde o sol que ‘inda me aquece,
é um chimarrão num fim de tarde
que a cuia só não me oferece.
É o exílio de si mesmo
em corpo alheio, já distante
de possibilidades...
É o amor sem tradução
aguardando um dicionário
poliglota pra saudade.