terça-feira, 10 de julho de 2018

A mulher de Susyia

No horizonte de algum lugar,
entre o nada e o fim do mundo,
há uma mulher sem nome,
sob um sol que tudo queima.

Ela tem as mãos vazias,
e cobre os olhos pra enxergar,
no horizonte de algum lugar,
o que ninguém mais vê.

Na terra onde o sol 
traz a morte, não a vida,
onde a pólvora beija o chão,
em rotineira despedida;

Na terra onde o ódio 
transformou a poesia -
de versos pra sentenças 
de morte e rebeldia...

Na terra onde o lar
é um nome numa pedra,
e crianças são educadas,
sem livros, sobre a guerra;

Na terra onde mulheres
parem certidões de óbito
de vidas destinadas
a ceifa pelo ódio...

Uma mulher sem nome caminha.
E no horizonte desse lugar -
a beira do fim do mundo -
ela veste... verde.

[Cubra os olhos, querida,
e me ensina a tua sina
que meus versos perecíveis
não conseguem descrever!]

No horizonte de Susyia,
só o seu hijab é verde:
a esperança, que eu não via,
cobre o seu corpo inteiro.


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